Marilurdes Carvalho

13 de Maio “Dia de repúdio contra todo tipo de racismo e preconceito”

Grupo Negro Palmares Renascendo -GNPR
13 de maio a nação nagô
Não faz festa não, não faz festa não.
Em protesto as dia que diz que o libertou...
O marginalizou, jogou a outra escravidão...
(Tadeu de Obatalá)
Nestes 137 anos de Lei Áurea, celebramos a luta do movimento negro brasileiro por denunciar a farsa jurídica republicana, sustentada por uma historiografia racista e dispostas a manter aquela narrativa: vivemos em uma democracia racial, inclusive, a mulher branca é a “Mãe dos Escravos”.
Portanto, lembrarmos da contribuição intelectual de Lélia Gonzalez no seu diálogo com a psicanálise lacaniana, refere-se a ‘Memória de tudo aquilo que a Consciência da gente não pode apagar.’
Fora da matripotência de Afrika estamos deslocados da nossa raiz familiar, vivendo sob a condução identitária duma neurótica adolescente sociedade brasileira que tenta a todo custo apagar a Consciência Negra.
Nós comemoramos o 20 de novembro.
E com maus olhos censuramos quaisquer festejos em 13 de maio.
Nós guardamos a memória de Zumbi dos Palmares, o Nosso Pai. Ainda que a identidade nacional não o aceite, prefira esquecer dos sucessivos estupros coloniais, impostos às mulheres negras.
As Mães pretas transmitiram uma intelectualidade africana para os filhos dos brancos ensinando-lhes o “pretuguês,” ademais, a estrutura linguística do colonizador português até hoje admira a bunda da preta, mas se esquece do kimbundu, cuja raiz linguística também é africana.
As Mães Pretas, são, as mães de verdade.
Se as mulheres brancas não martenaram seus próprios filhos, Princesa Isabel não pode reivindicar o status de Mãe dos Escravizados!!
Princesa Isabel não pode ser celebrada como se fosse sra bondosa responsável pela nossa libertação. Aliás, parcelas de nós nunca se deixaram derrotar filosoficamente.
Na Quilombagem os ancestrais criaram o primeiro Estado livre das Américas, qual seja o Quilombo de Palmares.
Lá, não tinha exploração de classe, nem subordinação de gênero e nem opressão de raça.
Segundo aponta Lélia Gonzalez, o Sinhô patriarca branco recebeu belo de um corno. Subestimou as mães pretas enquanto para nós a Princesa Isabel sempre será a Outra.
Saúdo Acotirene, Dandara, Luiza Mahin, Aqualtune e toda marca de descolonização em mim, em você e naqueles que ainda virão.
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Texto de Carla Akotirene Santos – Escritora, doutora e mestre em Estudos de gêneros, mulheres e feminismos (UFBA); Letramento racial/Direitos humanos.
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